Nos últimos anos, o mercado de apostas esportivas no Brasil tem experimentado um crescimento extraordinário, impulsionado por uma combinação de fatores que incluem mudanças na legislação, avanços tecnológicos e a crescente paixão dos brasileiros por esportes.
Esse fenômeno tem transformado não apenas a forma como os brasileiros interagem com os esportes, mas também a paisagem econômica e regulatória do país.
O interesse por apostas esportivas no Brasil tem raízes profundas na cultura esportiva vibrante do país, onde o futebol ainda é a grande paixão nacional (de acordo com pesquisa realizada pela PwC Brasil em 2023, aproximadamente 70% dos entrevistados afirmaram que o futebol é a modalidade esportiva na qual mais gostam de apostar), mas outras modalidades, como basquete, vôlei, corridas de cavalos e MMA também têm forte apelo.
A convergência dessa paixão por esportes com o advento da internet e o desenvolvimento de plataformas de apostas online criou um ambiente propício para o florescimento do mercado das apostas por aqui.
O universo do trading esportivo, também conhecido como ‘bet’, tem conquistado uma crescente popularidade entre os usuários online, tornando-se um fenômeno em ascensão.
No Brasil, o interesse por casas de apostas coloca o país em terceiro lugar global, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da Inglaterra, conforme dados da Comscore, empresa especializada em análise de métricas digitais.
À espera de regulamentação
O mercado nacional experimenta um notável crescimento, movimentando anualmente mais de R$ 120 bilhões, de acordo com informações do BNL Data, um informativo dedicado a loterias, jogos e apostas esportivas.
Com a regulamentação das apostas em discussão no Congresso, espera-se um aumento significativo no faturamento do setor, o que também implica em considerável incremento na arrecadação governamental.
O segmento ‘Bet’ tem atraído a atenção de investidores estrangeiros, que enxergam no Brasil um dos maiores mercados em potencial do mundo.
Empresas estão se preparando para competir em um ambiente regulamentado, estabelecendo parcerias estratégicas com clubes esportivos, meios de comunicação e outros interessados.
Segundo Leonardo Baptista, CEO e cofundador da Pay4Fun, primeira instituição de pagamento a obter autorização do Banco Central do Brasil para atuar no setor das apostas esportivas, a regulamentação é uma resposta à crescente demanda, proporcionando diretrizes claras e preenchendo lacunas regulatórias identificadas desde a criação do mercado.
Embora a legalização destas apostas tenha sido sancionada pelo então presidente Michel Temer em 2018, o mercado ainda carece de regulamentação, e as casas de apostas ainda operam no Brasil com licenças de outros países, como Reino Unido, Malta e Curaçao, para citar as mais comuns.
O prazo original de dois anos para a regulamentação do setor, com possibilidade de prorrogação por mais dois anos, foi estabelecido pela lei 13.756/18. Contudo, a responsabilidade de regulamentação agora cabe ao governo atual.
A ausência de regulamentação tem sido um obstáculo para potenciais parcerias com operadores internacionais, que expressam preocupação devido à falta de diretrizes claras no ambiente regulatório.
O futuro desse setor em expansão está nas mãos do Senado, que tem até 30 de outubro para avaliar o projeto de lei 3626/23 em caráter de urgência.
Mercado em franca ascensão
O avanço da tecnologia, em particular o acesso à internet, a smartphones e o desenvolvimento de aplicativos móveis, tem desempenhado um papel crucial no crescimento do mercado das apostas esportivas no Brasil.
As plataformas de apostas online oferecem conveniência e acessibilidade aos usuários, permitindo que eles apostem em seus esportes favoritos a qualquer momento e em qualquer lugar.
Segundo dados da Statista, uma empresa líder em estatísticas de mercado e consumidor, o número de usuários de smartphones no Brasil ultrapassou os 230 milhões em 2023, o que representa uma base significativa de potenciais apostadores online.
Com isso, o crescimento vertiginoso do trading esportivo no Brasil é evidente, tornando-se em poucos anos um negócio bilionário que cresceu 360% entre 2020 e 2022, conforme dados da Datahub.
O país lidera o ranking global de acessos a sites de apostas, registrando mais de 14 bilhões de acessos apenas no último ano, refletindo a crescente popularidade deste mercado.
A ascensão e a facilidade do Pix têm impulsionado ainda mais a popularidade das apostas no Brasil, tornando-se o método de pagamento preferido entre os usuários de sites de apostas online, segundo pesquisa da Pay4Fun.
Concluindo
A interseção entre esporte, tecnologia e entretenimento é uma dimensão fundamental do mercado das apostas esportivas. A popularização cada vez maior da tecnologia tem sido um catalisador para a expansão do mercado, facilitando o acesso às plataformas de apostas e oferecendo uma experiência mais imersiva e interativa para os apostadores.
As apostas ao vivo, por exemplo, permitem que os apostadores acompanhem e participem dos eventos esportivos em tempo real, aumentando o nível de engajamento e entretenimento.
Ao examinar mais de perto o mercado de apostas esportivas no Brasil, podemos capturar não apenas seu potencial econômico, mas também seu impacto cultural e social, refletindo a interseção única entre esporte, tecnologia e entretenimento em uma sociedade em transformação.
O que se espera do mercado regulado das apostas esportivas é um crescimento sustentado e um otimismo palpável, indicando que as apostas esportivas estão prontas para se tornar um dos principais impulsionadores econômicos do país nos próximos anos, alinhando o Brasil a outras nações que já colhem os benefícios econômicos e sociais desse mercado em expansão.
Por fim, o mercado das apostas esportivas reflete uma sociedade em constante evolução, onde as atitudes em relação ao jogo, ao esporte e à tecnologia estão em fluxo contínuo.
À medida que novas tendências emergem e novas tecnologias são desenvolvidas, este mercado continuará a se adaptar e se transformar, desempenhando um papel cada vez mais proeminente na paisagem cultural, social e econômica do Brasil.